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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015




A Espera.
J. Norinaldo

As flores em branco, atiradas num banco depois da espera, um olhar perdido como um grito sem eco como um abismo sem fundo, assim vê o mundo quem neste banco esperou. E este olhar que se foi, até onde irá, onde termina o som de um grito de dor ou as cores da flor da espera no banco, de vermelho ao branco e espinhos no meio, onde andará quem não veio e o que pensará. E o vento levou o perfume da flor na direção que for o grito sem eco. Um banco afinal não tem sentimentos, não guarda momentos de felizes encontros e tristes frustrações, de murmúrios de amantes não tem recordações; não ouve gemidos de prazer ou de dor e o grito onde for a seguir o vento  assim como o perfume da flor, que gora branco, atirada no banco murcha e sem graça; não somente a beleza da flor passa, passa o grito e o vento, só não passa o sentimento da espera perdida, da promessa não cumprida o total desalento de que alguém desatento a vida e ao banco, sequer viu o tempo que levou para as rosas passarem do vermelho ao branco, ao murcho e ao seco como sua vida agora.  Já não lhe importa o perfume que o ventou levou, se o seu grito pelos vales ecoou; nada importa o banco, as flores em branco e os espinhos no meio, a verdade é que ela não veio e nem nunca virá. E para quem esperou viu morrer a esperança talvez na distância aonde em fim  o seu grito chegou.


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