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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015




Velhas Telhas, Desafinado Teclado.
J. Norinaldo.



Chove a cântaros lá fora e aqui dentro a solidão, além do mormaço quente que foge como indigente correndo da chuva fria e encontra a sala vazia entrando sem permissão, sem deixar rastro no chão sem cumprimentar ninguém é mais solidão que vem a que já tem se juntar. Enquanto a velha cadeira balança me volta tanta lembrança, nesta casa fui criança, fui adulto e fui feliz; e quando a chuva chegava à telha nova escorria e a cascata que caía, na verdade pareciam as cordas de uma lira, numa bela sinfonia. Porém hoje não tem prumo como o um navio sem rumo entre  o espesso  limo deixa  o  barco a deriva no entanto não me priva de retornar ao passado enquanto a cadeira balança como numa triste dança com a sinfonia da lira, tão feliz em  num distante  passado hoje na realidade tem o som desafinado pela limosidade do tempo  como de um velho teclado. No vai e vem da cadeira este mesmo tempo passa e a chuva na vidraça da janela de moldura corroída, já foi nova e colorida ornada como uma tela por uma linda donzela hoje apenas saudade; quanta maldade da vida e do tempo a crueldade, de não deixar que o vento carregue toda saudade; e o mormaço que me aquece, na verdade até parecer um convite a eternidade. E no vai e vem da cadeira uma lembrança ligeira, ao ouvi-la ranger no solo, lembro-me quando em meu colo, lembravas o paraíso, com aquele teu belo sorriso, isto tudo na verdade, hoje é apenas saudade em uma ida vazia, com mais limo que as telhas relembrando o fracasso, tendo apenas o mormaço que foge da chuva fria; para aquecer um velho que nem viver mais devia. Bem mais velho que as telhas o limo, e a vidraça, e me perguntando o que fiz, para a esta altura da vida dizer que “Já fui Feliz”.

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