Velhas Telhas, Desafinado Teclado.
J. Norinaldo.
Chove a cântaros lá fora e aqui dentro a solidão, além do mormaço
quente que foge como indigente correndo da chuva fria e encontra a sala vazia
entrando sem permissão, sem deixar rastro no chão sem cumprimentar ninguém é
mais solidão que vem a que já tem se juntar. Enquanto a velha cadeira balança
me volta tanta lembrança, nesta casa fui criança, fui adulto e fui feliz; e
quando a chuva chegava à telha nova escorria e a cascata que caía, na verdade
pareciam as cordas de uma lira, numa bela sinfonia. Porém hoje não tem prumo
como o um navio sem rumo entre o
espesso limo deixa o
barco a deriva no entanto não me priva de retornar ao passado enquanto a
cadeira balança como numa triste dança com a sinfonia da lira, tão feliz em num distante passado hoje na realidade tem o som desafinado
pela limosidade do tempo como de um
velho teclado. No vai e vem da cadeira este mesmo tempo passa e a chuva na
vidraça da janela de moldura corroída, já foi nova e colorida ornada como uma
tela por uma linda donzela hoje apenas saudade; quanta maldade da vida e do
tempo a crueldade, de não deixar que o vento carregue toda saudade; e o mormaço
que me aquece, na verdade até parecer um convite a eternidade. E no vai e vem
da cadeira uma lembrança ligeira, ao ouvi-la ranger no solo, lembro-me quando
em meu colo, lembravas o paraíso, com aquele teu belo sorriso, isto tudo na
verdade, hoje é apenas saudade em uma ida vazia, com mais limo que as telhas
relembrando o fracasso, tendo apenas o mormaço que foge da chuva fria; para
aquecer um velho que nem viver mais devia. Bem mais velho que as telhas o limo,
e a vidraça, e me perguntando o que fiz, para a esta altura da vida dizer que “Já
fui Feliz”.
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