Roda e o Banco.
J. Norinaldo.
Assim como a vida a roda cansou, e hoje serve de encosto
para quem quer descansar, encostada morta, serrada e polida, depois de
movimentar a lida, se recosta agora onde
ainda há vida, galhos e folhas como foi outrora. Porém como tudo terá um fim
esta roda em fim encontrou o caminho do seu, coberta de folhas que também estão
mortas, mas dançam ao vento no balé do outono, não exalam odor de carniça, não
precisam se cobrir de caliça e ainda dançam antes do último sono. Hoje um banco
velho soturno e sozinho, só algum passarinho vez por outra posa; porém já foi
palco de confissões de amores algumas com a efemeridade das flores, outras que
duram mais do que o banco. A roda da é
que não pode parar, para ninguém se abancar no regaço da sombra; porque quando
para o que é normal, o descanso será na horizontal, significa o recibo da
conta, e a caliça já tem que está pronta, ou então o odor carniça avança, sem
balé nem dança como as folhas de outono, antes da partida ao derradeiro sono. O
banco de roda que não gira mais, num canto de paz como um velho túmulo, e as
folhas mortas num silente acúmulo, aguardam o vento para bailar mesmo mortas;
provando que existe que escreve certo mesmo por linhas tortas.
Sem comentários:
Enviar um comentário