O Couro e o Velho.
J. Norinaldo.
A espera que o couro esteja curtido,
A mancha da morte no chão estendida,
O velho sentado com a faca afiada,
Com o cenho franzido a pele enrugada,
As cores da vida a faca devasta,
E o velho se arrasta na sua jornada.
Assim que o couro estiver bem curtido,
Será convertido em cordas e laços,
Que prenderão couros ainda com vida,
Mas que um dia estarão no chão estendidos,
E a faca do velho os fazendo em pedaços,
E a pele do velho cada vez mais curtida.
Até que chega o dia e o velho é o couro,
E apele do velho já está muito enrugada,
Não serve pra laços que prendem a vida,
Talvez esquecida ao ser enterrada,
Não será espichada no chão e curtida,
O couro de um velho não serve pra nada.
O couro e o velho, o velho e a vida,
E o couro velho do velho na vida a curtir,
A faca afiada o laço a corda comprida,
No pescoço do velho a corda de couro,
Quem com couro fere com couro é ferido...
E quem só curte couro jamais curte a vida.
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