A curva do Cajado.
J. Norinaldo.
Quando a curva mais distante que
enxergares for a do teu próprio cajado, o teu rebanho está perdido, não adianta
se mostrar arrependido, pois o tempo não dá mole pra ninguém. Se o lobo se
aproxima e já não vez, talvez te confunda com um carneiro e enquanto o malvado
faz banquete tu cochiles em teu tamborete, sonhando com o que não volta mais. E
assim uma a uma vais perdendo, acreditando que depois se arrependendo do mal
que pela vida fizestes, serás perdoado no final; sem teu rebanho não és nada,
para ti chegou ao fim a estrada cuja curva é maior que teu cajado, assim como
teu corpo curvado pelo peso do fardo de pecado, e quando nada restar do
rebanho, como num pesadelo medonho, pelos lobos tu também serás devorado. Quem aprende
desde cedo que não se deve sentir medo, do escuro, mas sim do que nele se
esconde, Sabe bem que o escuro não existe, não é uma parede que resiste sequer
a chama de uma vela, então o escuro ló some, e quem nele se escondia se ver no
claro como o dia, seja lobo, ou seja, homem. Quando a curva mais distante que
enxergares for a do teu velho cajado, te despede do rebanho e se a estrada foi comprida e os teus passos
marcados, mesmo com a alma arrependida terás que pagar por teus pecados
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