O Canário e a Rosa.
J. Norninaldo.
Já não sei qual o mais belo, se é
teu canto ou esta flor, que se abra a cada acorde da tua canção de amor, este
amor que a natureza que oferece esta beleza, sem cobrança e sem sermão e que embeleza
a terra recebe a ingratidão da dentadura da serra, que devasta, que destrói
parece até que não dói cada árvore que cai e ninguém escuta um ai, mas tem alguém
com certeza que criou a natureza, que da natureza é Pai. Os desertos se
alastram na calvície do planeta e o desrespeito
a terra e a dentadura da serra cada vez mais afiada, da mata não deixa nada e o
deserto vem vindo, quando estiver atingindo o terreiro do tirano, as miragens
vão mostrando tudo que antes existia, quem fez o que não devia e agora é tarde
demais, não adianta olhar para trás e ver o que antes não via por que a mata
impedia e hoje não impede mais. Ainda há um canário que canta junto a uma rosa,
há quem escreva uma prosa registrando este momento, guardando no pensamento uma
cena que talvez no futuro não exista, num museu ou num documentário velho alguém
assista e tenha pena de si pelo que fizeram seres antecedentes, dos jardins de flores pungentes
hoje só restarão o deserto, e os rastros
das serpentes.
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