Onde se acaba o Orgulho.
J. norinaldo.
Não adianta cobrir de flores quem
logo será carniça, cobre logo com caliça o que mundo não quer ver, se nesse dia
chover melhor ainda será, pois pode bem
disfarçar as lágrimas que sejam falsas das mãos que seguram as alças do teu
caixão ao partir, porque a partir dali a terra se encarrega da limpeza que lhe
entrega numa cidade pequena, aonde a noite serena e ninguém se atreve a ir.
Onde existe belos prédios porem de baixa estatura, as ruas são sempre estreitas
e as noites as escuras; onde a beleza do corpo que tanto cultuas e ama, não
passa de podre lama, não uma lama qualquer da chuva que cai e corre, mas a lama
de quem morre ninguém suporta a fetidez, de alguém que com tanta altivez sempre
olhou por sobre os ombros, hoje não passa de escombros, lixo, podridão sem
nenhum desfaçatez. Então porque tanto orgulho soberba preconceito, se todos do
mesmo terminarão um dia, se num sepulcro de mármore cheio de obras de arte, ou
em uma cova rasa nada disto faz mais parte daquilo que de desfrutas, para que
servem as flores, se todos sabem o motivo, não se enfeita um vivo com pétalas para
evitar o seu cheiro, mas se evita o lixeiro ou até mesmo o coveiro que vivo faz
a caliça fria , para cobrir a carniça que lhes desdenhou um dia. Um dia o
caminho acaba e acaba para sempre, as vezes ficam pegadas do que se fez por
aqui, só existe uma certeza é esta é permanente, ninguém virará semente e
ficará para sempre por aqui. Se você leu o poema, está vivo e tempo tem, de pensar no tempo que ainda vem antes do
lençol de flores, há tempo de evitar dores, de alimentar quem tem fome, apenas
um simples pão, e quando falar em Deus, não usar o seu santo nome em vão, ou
cobrar por isto ouro, pois por maior que seja o seu tesou, ou por mais fina que
seja sua caliça mesmo misturada a ouro, não adiantará de nada o
fedor da sua carniça por ninguém... Será jamais suportada.
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