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terça-feira, 23 de dezembro de 2008


As Mãos
J. Norinaldo.


As mesmas mãos que postas rezam.
Separam as coxas adúlteras.
Aliviam a dor do desesperado.
Lado a lado pedem clemências.
Cúmplices do amor solitário.
Se elevam clamando decência.

As mãos que afagam e aplaudem.
Também assinam a sentença.
As mãos que contam o dinheiro.
Mãos que constroem o progresso.
Mãos que escrevem alfarrábios.
Mãos que indicam o sucesso.

Mãos que falam aos surdos.
Mãos que fazem gracinhas.
Mãos que matam e que roubam.
Mas nunca agem sozinhas.
Existem mãos sempre sujas,
Mas essas não são as minhas.

Mãos que indicam a montanha.
Mãos que mediam dilemas.
Mãos que colocam alianças.
Mãos que trancam algemas.
A Vênus não tem as mãos
Para alisar suas tranças.

Desde menino eu pergunto.
Porém até hoje ignoro.
Queria dizer ao meu filho.
Que os dedos não são iguais.
Que em vez do coração,
Usamos as mãos demais.

As mãos que escrevem aqui.
Por ninguém coloco no fogo.
São mãos que sabem mentir.
Na hora certa em que jogo.
Mãos que também sabem fingir,
Ao suplicar clemência e rogo.

A diferença entre as mãos.
São as impressões digitais.
Em toda humanidade
Não existem duas iguais.
Com elas cruzadas ao peito,
Partimos para nunca mais.







1 comentário:

Neuza Rodrigues disse...

Mãos que nós encimam a escrever tão belos poemas,que acariciam minha face,lavam meu corpo,me alimentam saciam minha sede de sabedoria e prazer,mãos cheias de dedos decorados por anéis,mãos calejadas pelo trabalho do dia a dia,mãos inocentes que acabaram de nascer,mal sabem o que é viver,parabéns amigo.